Foto para o disco Só se for a Dois. Essa foi a primeira sessão com o Cazuza. Fiz várias. Era o segundo disco solo dele. Tive algumas reuniões com ele. A noite. Cazuza era muito autentico. Ele sempre foi o que sempre foi. Não fazia politica, não tinha tato.. não segurava as pontas. Não enganava ninguem. Ao mesmo tempo era doce, as vezes muito quieto. Sabia ser uma estrela e um garoto de Ipanema, ao mesmo tempo.
Tive a idéia de levá-lo nessa locação, no cais do porto, porque os trilhos são significativos para o blues. Os trens que levavam os desempregados na depressão americana alimentaram a paisagem poética do Blues. Na época eu não tinha assistente, essas coisas e pedí a meu amigo Alvin L para me ajudar. Alvin ficou amigo de Cazuza. Ele tinah uma banda chamada Rapazes de Vida Fácil e o Cazuza já tinha assistido ao show. Hoje, Alvin é o compositor dos sucessos do Capital Inicial.
Bebemos um pouco na sessão. A foto escolhida tem o Cazuza esparramado na rua suja de óleo, de bruços, as gargalhadas. Ele deixou que eu fizesse a arte da capa, nunca tinha feito. Escrevi tudo a mão. Fazer essa capa foi muito especial.
Essa foto, Cazuza sentado nos trilhos, está na coleçao do museu de arte moderna de SP. Valeu Cazuza.