60x90cm 1/3
fotografia
A fotografia é revelada. Essa, das pernas da Luzia, levou mais de 20 anos para revelar.. e ganhar o espaço dela. Fiz a foto em casa, ví as sombras nas pernas e o instinto me dizia que era uma boa foto. Depois, os contatos confirmaram a intuiçao. Ampliei em 24 x 30cm e não sabia o que fazer com a imagem. Ela andava numa pasta. Quando montei um site de fotografo, inclui as pernas, porque gostava.. e mesmo assim ela não pertencia. Anos depois, enviei a foto para um projeto de parceria entre a Escola De Artes Visuais do Parque Lage e o Cantão. Daí a imagem foi estampada numa camiseta… Logo depois ampliei em um metro de altura. A ampliação definitiva criou um totem, foi para a galeria de arte. A camiseta é um objeto surrealista em que um par de pernas veste o tronco. O surrealismo me ensinou muito a lidar com a fotografia. Essa imagem pertence a ele.
Uma semana depois de fotografar a cadeira em Los Angeles, eu estava de volta no Rio de Janeiro e fotografei essa sombra no terraço do apartamento. Queria demonstrar uma equivalencia que ocorre no olhar e une asuntos e tempos dispares. Não acredito muito em planos e cerebralismos no meu processo de trabalho e logo abandonei esse tipo de procedimento. Se eu fosse inteligente mesmo, trabalhava na cura de doenças e para erradicar a pobreza, algo assim. Sou apenas um cara teimoso, desajustado que gosta de mostrar imagens aos outros.
Essa foto é uma citação a fotografia americana dos anos 70. Estava em Los Angeles e toda a formação que tive, olhando o trabalho de Lee Friedlander, Robert Adams,[2] Lewis Baltz,[3] Frank Gohlke, Stephen Shore[4.. , apareceu quando olhei essa cadeira. Apertei o botão.. clac.
Paula Toller. Fotografamos num canavial em Pernambuco. Eu procurava uma imagem para a capa do disco. Acabou saindo, de uma foto dos tres. Gosto mais dessa… do primeiro plano desfocado, os cabelos e as folhas que se equivalem, unss pra cima, outros pra baixo; gosto das fotos por esses motivos, pelas razões mais peculiares.
Essa foi uma das sessões mais excentricas de foto que eu fiz.. Fui fotografar o Tim na sua casa no recreio dos Bandeirantes. Era uma casa simples, ele estava só e tímido. Eu, com meu assistente Robson, emocionado porque era muito fã do Tim Maia. Fotografamos, o Tim , timido a beça. Aí ele pediu para a gente parar um pouco porque ele tava com fome. Fritou um monte de hamburguer. Comemos e continuamos a fotografar. Depois dirigi de volta a Zona Sul, deixando-o sozinho naquela casa no Recreio dos Bandierantes. Vida louca.
Fiz essa foto numa tarde de piscina, no apartamento dos pais da Rosa Amelia.. Quando penso em anos 80, em New Wave, a ruptura fundamental mesmo, foi cortar curto o cabelo, nos lados e atrás e deixar o topete. O maior possivel. Lembro que trabalhava num restaurante, no caixa em Copacabana. Acordava as seis da manhã para comprar os legumes. As tardes eram um tédio.. ao lado do restaurante, tinha um barbeiro. Larguei o caixa 15 minutos e pedi ao barbeiro: curto atrás e do lado. Ele nunca tinha cortado daquele jeito. Fui instruindo o que fazer. Quando levantei da cadeira, os anos 70 ficaram para trás… Claudinho é o rapaz pensativo. Alvin L dá sua pinta de Rayban wayfarer, desfocado. Alvin hj é o letrista do Capital Inicial.
Marco Veloso é um dos meus melhores amigos. Durante um bom tempo, fotografei suas series de desenho a carvão. Ele é inteligente, muito estudioso e muito do que penso foi determinado em nossas conversas.
Em julho desse ano, Marco expôs na Galeria Annita Schwarcz; em uma das salas da galeria era exibido um video com uma entrevista dele. Marco falava em frente a uma de suas séries. Os desenhos que vira no primeiro andar da galeria, quando apareciam em video, numa tela pequena, removidos, distantes.. ganhavam uma importancia enorme. A imagem aplica um carisma imediato sobre tudo que ela representa. A fotografia aumenta o carisma do mundo todo. Tive uma epifania, compreendi o óbvio.
Foto inventada na hora, saiu por acaso, no atelier do Daniel.. Eu gosto muito do cachorro e a banana qe parecem ser simbolos nas maos dele, com um santo e seus simbolos e no entanto não simbolizam nada.
Essa foto foi encomendada pela revista AZ. é um tipo de revista que n˜øa existe mais.. essa leveza, despretensão, futilidade.. isso não existe mais nas revistas. Aliás, revista.. melhor ler um livro né?
Foto pertencente a coleção do MAM SP.
Adoro essa foto. Mariana é uma atriz jovem, inteligente a beça e claro, tem um senso de humor. Fiz essa foto durante uma sessão para um book dela.. e improvisamos essa foto. Nunca soube o que fazer com ela porque no book, o rosto da Mariana nem aparece. Mas agora eu descobri o lugar dela.. uma das minhas fotos favoritas.
Peter é ator. Muito bom. Me encomendou uma serie de fotos para seu book. Gosto muito de fotografar assim, para as pessoas, para seus books, composites.. As primeiras fotos que eu fiz encomendadas, foram para um casal de namorados. O casal mais bonito da escola. Era uma encomenda secreta, romantica. Tinhamos 14 anos. As fotos ficaram ótimas… Acho que foi a encomenda mais espetacular que já recebi. Não sei se essas fotos existem. Meus primeiros negativos, o cupim devorou.
materia de moda; jeans e rockers. Algo assim.. marquei com o Ed na rua. Eu gosto de fotografar na rua.. as pessoas andando na rua. Teve um momento que eu decidi que não faria mais fotos de estudio, que n˜øa queria ser um iluminador, que nõa queria a assepssia do estudio. Eu voltei a pensar em Cartier Bresson ao mesmo tempo via o trabalho de Brice Weber e Herb Rotts, feitos com luz natural. Levei a camera 6×7 para a rua e fotografava sem saber o que aconteceria, sem planejar previamente que imagens eu faria. Preto e branco.. eu mesmo revelava. Revelar fotografia com aqueles liquidos, no escuro, agitando os tanques de metal, vendo a foto aparecer na banheira com revelador.. é uma terapia.
Sessão de fotos para a revista Playboy. Eu recebia essas encomendas e não tinha a menor ideia do que faria.. A unica ideia que eu tinha é que não queria fazer mais um close em estudio. Eu gostava de fazer imagens que fosem fragmentos de estorias que havia lido em livros, visto em filmes mas tambem nõa queria preparar cenarios para ideias preconcebidas.. essas levavam a imagens engessadas, cafonas, fracas de enrgia. Aprendi logo que na fotografia é preciso estar atento a imagens que aparecem na hora… o encontro entre o fotografo e o fotografado, a situação, o lugar.. eu fotografava muito em locações ou na minha casa. Ficava observando a casa e pensando.. esse fichario me lembrava os escritorios de detetives descritos nos romances policiais de Raymond Chandler. Quando aparece a Beth lá em casa para fotografar, eu fico pensando o que vou fazer enquanto ela se maqueia. Daí entrego o revolver de brinquedo que estava na estante e sugiro ficar atrás do fichario. Ela, boa atriz, interpreta. Cenas compostas na hora, como uma brincadeira de criança. A imaginação em campo livre, sem planejamento rigido. As vezes as ideias iniciais não funcionavam e eu propunha logo outra coisa. Usava luz do sol porque eu não perdia tempo iluminando.. eu quero dirigir os atores. Fotografo rapido. A sessão tem sempre o risco de não dar certo, das ideias não funcionarem. Angustia e diversão. NO pain, no gain.
Sonata de Outono; texto do Ingmar Bergman, direção do Aderbal Jr. Aderbal teve a ideia de fotografar nos camarins do Teatro Municipal do RJ. Eu adoro fotografar em locação com historia… historia de atores então, é o maximo. Lugar de gente que compõe máscaras. É natural encontrar imagens boas em lugares assim. Elas estao ali, esperando…
Bergman tem tudo a ver com close up de atrizes, mulheres fragmentadas e homens desfocados. Dizem que esses closes que o Bergman usava, ele pegou do cinema do Dreyer.
Marieta e Andreia sõa empreendedoras, arriscam tudo para fazer teatro. Conviver com gente pensando e agindo assim nos dá uma ideia de grandeza no trabalho..
Levei a Intrepida para a praia.. pensei que poderia ficar ainda mais surrealista. ManRay, Brasssai, Cartier Bresson.. eles eram surrealistas e sabiam que a imagem deveria ser uma segunda realidade. Quando ví a Intrepida sabia que tinha encontrado um assunto perfeito para imagens. A intrepida “pertencia” ao Gringo Cardia e chamei ele para fazer tudo comigo. Eu fiquei tão encantado com as imagens que ampliava diversas vezes a mesma foto. Toda semana ampliava as mesmas fotos.
Essa foi idéia do Gringo Cardia ; jogar os livros para o alto junto com a Beth.. Gringo é muito influenciado pelas colagens do John Heartfield, dadaista. Do jeito que fotografamos a Intrepida, as colagens passaram a acontecer na frente da camera.
90x130cm. Jato de Tinta sobre papel de algodão. 2/3. Coleção Eleny Neera Eksterman.